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Os imortais vivem entre nós, poesias lindas e feitas de brisa do amanhecer!

Quero fazer um convite, quero conhecer vossos gostos!

Vou postar poesias dos imortais que cada um me mandar, aquela que te faz vibrar, manda-me por email, face, blog, msn, qualquer maneira!

kiromenezes@hotmail.com

Manda-me sua poesia Imortal!

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Acaso (Antoine de Saint-Exupéry)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Blog Evandro F. Farias - www.evandrofarias.com.br
A imagem condiz com o "tamanho" da poesia!



ACASO
(Antoine de Saint-Exupéry)



"Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, pois cada pessoa é única
e nenhuma substitui outra.

Cada um que passa em nossa vida,
passa sozinho, mas não vai só
nem nos deixa sós.

Leva um pouco de nós mesmos,
deixa um pouco de si mesmo.
Há os que levam muito,
mas há os que não levam nada.

Essa é a maior responsabilidade de nossa vida,
e a prova de que duas almas
não se encontre ao acaso"

Vem por aqui (José Regio)

terça-feira, 26 de abril de 2011




Vem por aqui  



(José Regio)




Dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços,
e seguros de que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem:

"vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre da minha mãe

Não, não vou por aí!

Só vou por onde me levam meus próprios passos...
Se aos que busco saber nenhum de vós respondeis
Por que me repetis:

"vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo,
Foi só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faça não vale nada.

Como pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias o sangue velho dos avós,
E vós amais o que é mais fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos,
as torrentes,
os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a,
como um facho,
a arder na noite escura,
E sinto espuma,
e sangue,
e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam
Mais ninguém !!

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga:

"vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei para onde vou,
Não sei por onde vou

Sei que não vou por aí!



Pálida à Luz (Álvares de Azevedo)

quarta-feira, 20 de abril de 2011




Pálida à Luz




Álvares de Azevedo



Pálida à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!


Era a virgem do mar, na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!


Era mais bela! o seio palpitando
Negros olhos as pálpebras abrindo
Formas nuas no leito resvalando


Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!


O Auto-Retrato (Mario Quintana)

terça-feira, 19 de abril de 2011



O AUTO-RETRATO



Mario Quintana


No retrato que me faço
- traço a traço -
às vezes me pinto nuvem,
às vezes me pinto árvore...

às vezes me pinto coisas
de que nem há mais lembrança...
ou coisas que não existem
mas que um dia existirão...

e, desta lida, em que busco
- pouco a pouco -
minha eterna semelhança,

no final, que restará?
Um desenho de criança...
Corrigido por um louco



Que é - Simpatia (Casimiro de Abreu)




Que é - Simpatia



Casimiro de Abreu




Simpatia é um sentimento
que nasce num só momento,
sincero no coração,
são dois olhares acesos
bem juntos, unidos presos
numa mágica atração.

Simpatia são dois galhos
banhados de bons orvalhos
nas mangueiras do jardim
bem longe às vezes nascidos
mas que se juntam crescidos
e que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
que riem no mesmo riso,
que choram nos mesmos ais.
São vozes de dois amantes
duas linhas semelhantes
ou dois poemas iguais!

Simpatia meu anjinho
é o canto do passarinho
é o doce aroma da flor
são nuvens d'um céu de agosto
é o que me inspira teu rosto
Simpatia é quase amor!




Amor Pagão (Manuel Guimarães)

sexta-feira, 15 de abril de 2011


Amor Pagão


Manuel Guimarães




Quero ver dos teus olhos, lá no fundo,
a minha pobre imagem reflectida.
Já que sem eles, para mim, o mundo
é uma triste imagem, só, da vida.

Quero ver nos teus olhos, esbatida,
a ansiosa expressão do meu olhar,
se tendo-te nos braços, soerguida,
muito de manso te quiser beijar.

Sim, nós havemos de beijar-nos tanto
e sorver desses beijos todo o encanto
num misto de doçura e de desejo...

Que os nossos beijos, como as nossas vidas,
tenham as nossas bocas sempre unidas
como se fora sempre o mesmo beijo


DODECASSÍLABOS (Euclides da Cunha)

quarta-feira, 13 de abril de 2011






DODECASSÍLABOS



(Euclides da Cunha)



Estala na mudez universal das coisas
estrídulo tropel de cascos sobre pedras
e naquela assonância ilhada no silêncio
o cataclismo irrompe arrebatadamente.

O doer infernal das folhas urticantes
corta a região maninha das caatingas
fazendo vacilar a marcha dos exércitos
sob uma irradiação de golpes e de tiros.

Por fim tudo se esgota e a situação não muda,
lembrando um bracejar imenso, de tortura,
em longo apelo triste, que parece um choro.

Num prodigalizar inútil de bravura
desaparecem sob as formações calcáreas
as linhas essenciais do crime e da loucura.







Fernando Pessoa

quarta-feira, 6 de abril de 2011




De um Imortal:




Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.


Fernando Pessoa


Adeus, Meus Sonhos! (Álvares de Azevedo)

terça-feira, 5 de abril de 2011




Adeus, Meus Sonhos!


(Álvares de Azevedo)

Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!


Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh'alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.


Que me resta, meu Deus?


Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!




De Camões

sexta-feira, 1 de abril de 2011



Uma genialidade de 

Camões:



Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes, nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê:

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.





Vejá lá se há mesmo como não citá-lo!!!

Belíssimo...