.+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+.

Os imortais vivem entre nós, poesias lindas e feitas de brisa do amanhecer!

Quero fazer um convite, quero conhecer vossos gostos!

Vou postar poesias dos imortais que cada um me mandar, aquela que te faz vibrar, manda-me por email, face, blog, msn, qualquer maneira!

kiromenezes@hotmail.com

Manda-me sua poesia Imortal!

'+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+..+*♥*+'

•○•.._____________..•○•

Poemeto Erótico (Manuel Bandeira)

segunda-feira, 23 de maio de 2011






Poemeto Erótico




Teu corpo claro e perfeito,
- Teu corpo de maravilha
Quero possuí-lo no leito
Estreito da redondilha...


Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa... flor de laranjeira...
Teu corpo branco e macio
É como um véu de noivado...


Teu corpo é pomo doirado...
Rosal queimado do estio,
Desfalecido em perfume...
Teu corpo é a brasa do lume...


Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...
É puro 


É puro como nas fontes
A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama...
Volúpia de água e da chama...


A todo momento o vejo...
Teu corpo... a única ilha
No oceano do meu desejo...


Teu corpo é tudo o que brilha,
Teu corpo é tudo o que cheira...
Rosa, flor de laranjeira...




 (Manuel Bandeira)


Não se Mate (Carlos Drummont de Andrade)

sexta-feira, 20 de maio de 2011


Não se Mate


Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe
o que será.

Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para
as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.

O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê,
pra quê.

Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá.



Carlos Drummond de Andrade


Mocidade e Morte (Castro Alves)

quinta-feira, 19 de maio de 2011




Mocidade e Morte


Castro Alves



E porto avisto o porto
Imermo, nebuloso, o sempre noite
Chamado — Eternidade. —
Laurindo.

Lasciate ogni speranza, voi
ch'entrate.
Dante.
Oh! Eu quero viver, beber perfumes

Na flor silvestre, que embalsama
os ares;
Ver minh'alma adejar pelo infinito,

Qual branca vela n'amplidão
dos mares.

No seio da mulher há tanto
aroma...
Nos seus beijos de fogo há
tanta vida...
Árabe errante, vou dormir à
tarde
A sombra fresca da palmeira
erguida.
Mas uma vez responde-me sombria:
Terás o sono sob a lájea fria.

Morrer... quando este mundo é um paraíso,
E a alma um cisne de douradas plumas:
Não! o seio da amante é um lago virgem...
Quero boiar à tona das espumas.
Vem! formosa mulher-camélia pálida,
Que banharam de pranto as alvoradas.

Minh'alma é a borboleta, que espaneja
O pó das asas lúcidas, douradas...
E a mesma vez repete-me terrível,
Com gargalhar sarcástico: — impossível!

Eu sinto em mim o borbulhar do gênio.

Vejo além um futuro radiante:

Avante! — brada-me o talento n'alma
E o eco ao longe me repete-avante!—
O futuro... o futuro... no seu seio...
Entre louros e bênçãos dorme a glórial
Após-um nome do universo n'alma,

Um nome escrito no Panteon da história.
E a mesma voz repete funerária: —
Teu Panteon-a pedra mortuária!
Morrer-é ver extinto dentre as névoas
O fanal, que nas guia na tormenta:
Condenado — escutar dobres de sino,

— Voz da morte, que a morte lhe lamenta—
Ai! morrer — é trocar astros por círios,
Leito macio por esquife imundo,
Trocar os beijos da mulher — no visco
Da larva errante no sepulcro fundo.
Ver tudo findo... só na lousa um nome,

Que o viandante a perpassar consome
E eu sei que vou morrer... dentro em meu peito
Um mal terrível me devora a vida:
Triste Ahasverus, que no fim da estrada,
Só tem por braços uma cruz erguida.
Sou o cipreste, qu'inda mesmo flórido,

Sombra de morte no ramal encerra!
Vivo— que vaga sobre o chão da morte,
Morto-entre os vivos a vagar na terra.
Do sepulcro escutando triste grito
Sempre, sempre bradando-me: maldito! —
E eu morro, ó Deus! na aurora da existência,

Quando a sede e o desejo em nós palpita...
Levei aos lábios o dourado pomo,
Mordi no fruto podre do Asfaltita.
No triclínio da vida— novo Tântalo —
O vinho do viver ante mim passa...
Sou dos convivas da legenda Hebraica,

O 'stilete de Deus quebra-me a taça.
É que até minha sombra é inexorável,
Morrer! morrer! soluça-me implacável.
Adeus, pálida amante dos meus sonhos!
Adeus, vida! Adeus, glória! amor! anelos!

Escuta, minha irmã, cuidosa enxuga

Os prantos de meu pai nos teus cabelos.
Fora louco esperar! fria rajada
Sinto que do viver me extingue a lampa...
Resta-me agora por futuro — a terra,
Por glória-nada, por amor-a campa.

Adeus! arrasta-me uma voz sombria
Já me foge a razão na noite fria!...


Uma Cartinha Tua (Graciette Salmon)

quarta-feira, 18 de maio de 2011


UMA CARTINHA TUA


Graciette Salmon 
(Poetisa Paranaense)


Uma cartinha tua! Em minha mão,
como ave assustada, ela estremece,
qual se de dentro de si a mim trouxesse
palpitante, a fremir, teu coração.
Uma cartinha tua! Que emoção!
Ao meu redor tudo desaparece
e apenas tua imagem permanece
para meu culto e minha adoração!
Digo teu nome, como numa prece...
... não sei se é pranto que dos olhos desce,
... não sei se treme a carta ou minha mão.

(O que ficou do Sonho)

As Andorinhas de Antônio Nobre (Cassiano Ricardo)

terça-feira, 10 de maio de 2011


As Andorinhas
de 
Antônio Nobre


(Cassiano Ricardo)



Nos
fios
ten
sos

da
pauta
de me-
tal

as
an
do
ri
nhas
gri-
tam

por
fal
ta
de u-
ma
cl'a-
ve
de
sol



Imagem (Manuel Bandeira)

quinta-feira, 5 de maio de 2011




IMAGEM


Manuel Bandeira


És como um lírio alvo e franzino,
Nascido ao pôr do sol, À beira d'água,
Numa paisagem erma onde cantava um sino
A de nascer inconsolável mágoa.

A vida é amarga. O amor, um pobre gozo...
Hás de amar e sofrer incompreendido,
Triste lírio franzino, inquieto, ansioso,
Frágil e dolorido...